domingo, 24 de abril de 2011

A dor do parto é dura, mas vou dissertar um dia

http://www.feminismo.org.br/livre/index.php?option=com_content&view=article&id=3522:uma-em-4-mulheres-relata-maus-tratos-durante-parto&catid=79:space&Itemid=422
Depois que adoeci, tomei coragem para um monte de coisas, dentre elas fazer a seleção para o mestrado. Isto mesmo, tenho cinco anos de graduada e venho me boicotando sempre para não fazer as seleções. Agora é diferente, entrei no curso de Inglês voltado para tradução, comprei parte da bibliografia obrigatória, estou cursando uma disciplina como aluna especial do programa em Crítica Cultural da Uneb em Alagoinhas, enfim, resolvi investir nisto de verdade. O problema é que eu invisto pesado e me saboto ao mesmo tempo. A aula é quinta-feira e eu até agora não toquei nos textos da disciplina. O exercícios de Henrique, meu professor de Inglês? Nem sei por onde andam...Também, tenho boas razões para me sabotar depois de vivenciar algumas experiências com umas mestrandas e uns mestrandos amigos meus.


Lembro do quanto uma amiga que defendeu há algumas semanas sofreu, coitada! A sua filha pequena viva pedindo socorro e dando sinais de alerta como: bater nos colegas de escola ou comprar uma caneta mágica para a mãe terminar a dissertação e poder brincar com ela. O casamento da mestranda amiga, é claro, ficou por um triz do divórcio. É preciso fazer escolhas, muitas escolhas. Ou bem resenha, ficha textos, escreve artigos, lê tudo aquilo que o (des?)orientador manda, publica aqui, apresenta ali, participa dos congressos “X”, “Y” e o restante de letras do alfabeto inteiro ou tem vida social, lê por fruição, faz sexo com o cônjuge, vai à praia e dorme pelo menos 4 horas por noite. Malhar para manter o corpo “bem” é uma quimera! Está difícil entender o empenho que se faz um indivíduo que busca o título de mestre ou doutor e que sente na carne a dor de parir uma dissertação.

Uma outra amiga muito querida está um pouco mais pirada do que sempre foi. Nos “cinco” (leia-se trinta e cinco!) minutos que ela nos dá de atenção quando falamos com ela ao telefone (ela não diz alô, já diz “você tem cinco minutos para falar”) ela passa trinta e cinco (são cinco vezes sete, ela deve ter dito e eu não ouvi!) falando sem parar da sua dissertação e a gente responde os segundos restantes com palavras de crença e força sobre a arte de dissertar da companheira. Pior foi quando ela me contou, com certo desespero, a sua última peripécia. Em casa, acompanhada pela proto dissertação, a mestranda amiga procurava o que comer. Já tinha provado de tudo, beliscado tudo até então que a mente em processo dissertativo antenou para o saco de ração do cachorro. Lálálálá... Oxe, o que é que tem? Tem quem goste de jiló! Está pensando que é fácil esta escolha pela vida acadêmica?

Há mestrando e doutorando de todo tipo. Uma figura que conheço vivia com um bloquinho anotando os “insites” que tinha pela rua, no ônibus, no banheiro, na praia. Um outro perdeu tantos quilos com a dissertação que quase vira anorexo, um outro pagou muitos e muitos reais para recuperar os arquivos da "mardita" perdidos no computador. Gente, é para isso que vou estudar? Para comer ração de cachorro, encalhar de vez a minha vida sexual e engordar como uma porca? Porque estudar e malhar são atividades que divergem instantaneamente! Manter uma relação conjugal, nem se fala!

Brincadeiriiiiinha, já comecei a delinear o meu projeto de pesquisa! Quem bem me conhece já achou que eu seria mais uma vez minha auto-sabotadora. Chega, é a hora de entrar na preparação da maternidade. Parirei uma dissertação sim, por maior que seja a dor, eu espero. Parir um projeto de pesquisa já é quase uma cesariana de gêmeos de quatro quilos cada, a dissertação deve ser algo do tipo fazer uma cesariana “pescoçal”, tipo de parto realizado em mestrando e doutorandos. A criança é tão grande que o corte deve vir até o pescoço! Eu topo este desafio! Tudo bem que neste final de semana eu só fiz farra, bati perna, joguei conversa fora, fui ao teatro e vi o meu time "lascar em banda" o "Jahia" no Pitulixo. Ô delícia!

Mas tudo bem, acabou a libertinagem, falando sério, afinal eu lá tenho cara de ser mãe desnaturada?

*Os créditos da revisão vão para minha amiga Amanda Gomes, que se debruçou na leitura dos meus futuros textos neste feriadão. Segundo ela está "tudo certinho". Cobrou em dobro!

3 comentários:

j. amauri disse...

Estou no final desse parto gata! Dói pacas

Azly disse...

Me senti em muitos momentos nesta postagem. Menos na ração de cachorro(acho que vai ser uma opção um dia) RSS. Acrescento que agora faço até academia, passo roupa, lavo e faço faxina...!! Acho que estou me sabotando.RSS Eta fase dificil!!!

... disse...

Faz parte, amiga Azly, faz parte... hehehe