sábado, 9 de abril de 2011

Eu sempre achei que Jean era Bala!

Numa quarta-feira dessas, estava no cinema com minha parceira de quase sempre, para quase tudo Sibeli, fomos assistir “De pernas pro ar”. Eu já tinha assistido, mas quem me conhece sabe que sou um "pouco" maníaca compulsiva por e com algumas coisas. Quando gosto do filme chego a assisti-lo 20, 35, 70 e quantas vezes der na telha. Enquanto assistíamos os trailers, vi um rosto conhecido no telão. Não é conhecido apenas de

visão, mas sim por apreço, por afetividade. Era Jean, meu aluno querido, no papel de Pedro-Bala, protagonista de “Capitães da Areia”, numa adaptação do livro de Jorge Amado.
Jean era aquele tipo de aluno que mata qualquer um ser humano de felicidade. No meu caso, felicidade sim, já da maioria dos outros professores... É melhor não comentar. Vou contar um pouco da nossa história. Há quatro anos atrás, eu assumia as turmas da 6ª série para dar aulas de Inglês, como professora substituta de uma escola estadual aqui de Salvador. O turno era vespertino e geralmente dar aula para as turmas neste horário era bastante complicado, afinal o sol batia quente no telhado da escola e fazia muito calor. Numa destas turmas, me deparo com um menino muito agitado e que tinha a fama de bagunceiro, “atrapalhador da ordem” e outras "cositas" mais. Este era Jean. Ufa, ainda bem que ele era isso tudo! Sempre respeitei os meus alunos e alunas, fossem eles quem fossem. É óbvio que muitas vezes saio do sério, mas estou neste barco muito atenta a alguns sinais que a vida destas crianças traz. Jean mostrava a todos que precisava muito de atenção, tanto que hoje ele está nas telas do cinema brasileiro, interpretando um personagem tão forte quanto Pedro Bala, tendo a atenção literalmente voltada para ele.
Há dois anos atrás, quando iniciaram as gravações do filme, eu e ele nos encontramos no Pelourinho e ele me contou esta novidade boa sobre a gravação do filme. Estava ele, sua irmã e um colega que não foi meu aluno, mas que eu tenho muito apreço, Amilton. Lembro como foram tão carinhosos comigo por terem me reencontrado, mesmo após algum tempo. Fico feliz quando meus alunos se referem a mim com carinho quando não sou mais professora deles. Soa como trabalho feito com apreço. Tiramos esta foto que esta aqui no blog.
Passaram-se quase dois anos e encontro Jean no Teatro Vila Velha. Nossa, fiquei imensamente feliz por revê-lo. Peguei o email dele, mas acho que faltou alguma letra, quero manter contato. Vou atrás dele, não vai ser difícil achá-lo. O melhor de tudo foi encontrar um menino da “Pela Porco”, comunidade vizinha da escola que vive sob condições muito precárias, no teatro, de igual para mim e para todos que um dia duvidaram dele. Fiquei ainda mais feliz quando terminou "Cabaré da Raaaça", peça que assitíamos, e ele veio me cumprimentar e me chamou para tirar uma foto com ele. Antes da pose ele disse aos colegas de elenco que também estavam no teatro: “Aqui ó, é miserável, mas é gente boa! Minha professora”.
Preciso dizer a Jean que ele me nutriu de esperança e de alegria com este momento. Ainda bem que o líder dos Capitães da Areia, também líder naqueles tempos de escola, está escrevendo a sua história de forma muito diferente daquela que tentaram escrever pra ele naqueles tempos atrás. Boa, Jean! Continua atrapalhando a ordem, nutrindo a desordem!

4 comentários:

Unknown disse...

Seguindo aqui, me segue e visita o meu tbm
http://alinecuerci.blogspot.com/
bjos.

Thyara Melo disse...

Dayseeeeee... adorei a ideia de vc escrever um blog, CERTEZA que vai rolar muita coisa interessante, sábia e engraçada por aqui. Adorei esse post sobre Jean, me arrepiei todinha lendo. É nessas horas que vemos que quando temos um sonho, NADA nos impede de ir atras, seja a cor, o credo ou a classe social. Estarei sempre por aqui bisbilhotando. Beijos de quem adora a nega mais rocheda de SSA.

Prof. Itamar Jesus disse...

Grande, Dayse!!!

Excelente história. E eu, professor como você (sem trocadilhos... hehehehe), sinto-me tocado pela história do Jean e, mais ainda, pela visão humana que aparece em seu relato. Realmente, o que a maioria insiste em rotular pejorativamente é, em muitos casos, aquele que, trabalhado da maneira adequada, renderá mais frutos.

Um viva para o Jean, e outro pra você.

Abração!

Edmundo Itamar.

... disse...

Obrigada Thyara! Você é a minha prima mais linda de Recife!

Itamar, você não libera mesmo! Quando não é trocadilho é direto mesmo, senhor!kkkk

Obrigada pela atenção de vocês!

Beijoca da Daysoca!