sábado, 21 de maio de 2011

O problema não está apenas no “a”...

Este texto foi encaminhado para mim pelo meu amigo Cadu Lisboa*, em resposta a uma vasta lista de emails, por fim de uma engenheira cheia de títulos a qual prefiro não citar o nome. Cadu foi a figura que me fez entender que não sou qualquer Dayse, mas que sou Dayse Sacramento. Agradeço a ele a proximidade que tenho com o Partido dos Trabalhadores e o amadurecimento que desenvolvi junto a ele no Movimento Estudantil. Fiz algumas pequenas alterações no texto, mesmo sem a autorização prévia de Cadu, pois ele me pediria que fizesse isso quando pedisse autorização para publicar. Não tecerei comentários sobre esta discussão, pois os grifos cadunianos são exacerbadamente lúcidos acerca da marca de gênero que a Presidenta Dilma optou para ser utilizada quando se referirem ao cargo que ela ocupa. Boa intervenção de Cadu!

*Carlo Eduardo Liboa é aluno de Direito da Universidade do Estado da Bahia, Campus Valença e versa muito bem sobre aquilo que se propõe escrever. Cadu com "C", como eu costumo chamá-lo, é um exemplo de pessoas que só abrem a boca quando têm certeza! 

Que tal colocarmos um BASTA neste assunto?




Realmente a imprensa de tudo tem feito “matéria” para vender gazeta. Mas entendo, no sistema do capital, o importante para um veículo jornalístico, não é informar, mas sim, vender jornais, e por incrível, sempre tem quem compre, tanto os jornais, como a informação ali enxertada, jogando mais lenha na chispa e encarniçando mais uma notícia, porém desalmada, sem substância, sem forma e vazia, assim, que nem a terra narrada na gênese sagrada. É desta forma que tenho entendido o burburinho que circunvizinha o tema e que acompanho timidamente no debate na grande mídia.




O problema central num governo em "disputa" não é como chamamos o cargo, mas a realização de obras e projetos, seu patrimônio ético ou até seu tonus ideológico. Se tem algo que é meritório concentrarmos esforços, sem dúvida, seria defender ou criticar, aquele ou aquela proposta, obras, programas, projetos, pacote, medidas, proposições, opiniões, voto, posicionamento etc., ou seja, tem tanta coisa sobre o impúbere governo Dilma relevante para nos preocuparmos, mas preferimos perder tempo em debates forçados e fingidos, data máxima vênia à língua portuguesa, porém sem tanto apego a gramática.


Digo isso, pois a língua é muito mais ampla e comporta incontáveis variações que as nossas gramáticas (gramáticos) sequer “pensam” em alcançá-las. As variações lingüísticas estão ai nos lembrando que a linguagem é um fenômeno cultural e expressa as manifestações sociais de um povo em um momento, logo, PRESIDENTA, poderia expressar, o agora, de um povo. Lembro que desta forma sugiram tantas outras palavras: CLONAR, TUÍTAR, BLOGAR e por ai vai, depende da conjuntura, do momento, da circunstância, e afirmo, é legitimo que assim seja, pois os costumes, a vida e a dinâmica social são fontes primárias para o surgimento de qualquer palavra, termo ou expressão.


Talvez, e porque não, tenha chegado a hora da “presidenta”? É a primeira vez na história. A palavra agora tem função, antes não tinha, talvez por isso a gramática de Bechara e Cipro Neto não tenham albergado o termo “Presidenta” e oferecido a ele, além de expressa positivação, E-FE-TI-VI-DA-DE.


BASTA Dra. Engenheira "Fulana", pois no Brasil de tantos recortes lingüísticos, pregar a dogmática da gramática, como anúncio de insofismável verdade é ignorar o Brasil e o melhor dele, os brasileiros. Termino, porém achando que na questão existe mais preconceito do que a honrosa luta pela preservação da língua portuguesa.




Kadu Lisboa
Uneb

2 comentários:

Raí Silva disse...

São nestes momentos que percebo o quão verdadeiros eram os comentários dos colegas de faculdade, quando diziam que tenho espírito gramático. Inventar palavras é uma coisa, a neologia agradece, confundir isso com linguística é que não acho legal. "CLONAR, TUÍTAR, BLOGAR" foram palavras criadas a partir de uma necessidade de nomear algo que até então era inexistente. As Presidentes sempre existiram, mesmo que não tenha sido na casa civil. Que o digam as presidentEs das associações de moradores, por exemplo. Minha querida e ilustre presidentE Dilma que me perdoe, admiro a vontade em dar contiuidade a um trabalho presidencial que foi excelente, mas não vamos confundir 'gramaticalmente' nossos queridos brasileiros que já são atrapalhados por si só.

... disse...

Raí, "O" gramático! Obrigada pelo comentário!!! hehehe