quinta-feira, 28 de abril de 2011

O aniversário dO Cara

Tem gente que nasceu predestinado para fazer algumas coisas na vida. Lula nasceu para um dia ser o presidente do Brasil, Paulo Coelho nasceu para vender papel, pois livro quem vende é escritor de verdade. Algumas, mais espertas, enveredaram para a vida política parlamentar e levaram a família toda ao enriquecimento em detrimento do trabalho, como os Magalhães aqui na Bahia, não mais liderados por aquele que não gosto nem de falar o nome que hoje descansa nas profundez mais escaldantes do quinto dos infernos. Fernanda Montenegro nasceu para ser o que quisesse, afinal ela interpreta de tudo, poderia se passar por qualquer ocupação. Bolsonaro nasceu por conta de um erro divino, tenho certeza disto, por isso ele deveria estar predestinado a desaparecer, enquanto Elis Regina me faria imensamente feliz estando viva e fazendo um show “daqueles” na Concha.


Tem um cara que conheço que nasceu predestinado a brilhar. Digo isto, pois não conheço nada que ele faça, que mesmo ruim, não seja muito bom. É aquele tipo de pessoa tão rara de se achar que às vezes pareço estar sendo inverossímil. Gosto de estabelecer relações com as pessoas através dos meus sentidos. Uma música, o cheiro, uma sensação, uma textura... Este cara me faz lembrar dele quando ouço música, mais precisamente o que chamam de boa música. Isto que dizer que ele é lembrado por mim sempre. Muitas vezes, ficava à margem para ouvi-lo falar para entender muitas coisas, sempre procurava ouvi-lo para acalmar a minha alma.



http://comunicacao.blogspot.com/2004_09_01_archive.html


Sabe aquele tipo de pessoa que saca exatamente o que se passa com você e, necessariamente, você não precisa dizer a ele muita coisa? Na verdade, eu quase nunca disse nada. O cara é sensível demais a ponto de ler o silêncio proferido pelo seu olhar. Muitas vezes, pensava que fosse exagero dele, mas geralmente ele acerta em cheio. Acho que este cara é um caso raro de genialidade. Aquele tipo de gente que resumiria o livro “Viva o povo Brasileiro”, de João Ubaldo Ribeiro, em duas ou três linhas da folha de papel de um bloco de anotações do feirante aqui de perto, após utilizar o passaporte completo de todos os dias da Universo Paralelo (maior have do mundo), tomando uma garrafa de uísque por dia.

O meu lugar de fala sobre este cara é o de profunda admiradora. Admiro tanto que nem consigo notar os defeitos. Creio que se ele tem defeitos os mesmos são “auto-consertáveis”. Não é exagero. Do meu lugar de fala, não enxergo os defeitos que porventura ele venha ter. Estou dizendo, o cara é muito bom! Ele tem uma memória de elefante para tudo que não seja convencional como datas e compromissos que não são cobrados dele 1440 minutos diários! Paciência, o cara é um ser humano! Rsrs

Tenho a sensação de que muita gente já deve ter dito estas coisas a este cara ou até mesmo escrevido em algum canto, afinal o cara é gente muito cara de se encontrar!

Resolvi escrever para este cara, pois hoje é o aniversário dele. Acho que ele vai gostar do presente que comprei. É a cara dele!

Aposto que quando este cara ler este texto vai dizer, “Poxa menina, não precisava. Você está exagerando!”. Digo logo que se escrevo é porque me acho útil. Faço logo chantagem... Escrevo para agradecer por este amigo que a vida me trouxe e ele precisava saber disso. Não conseguiria olhar na cara dele e dizer essas coisas, começaria logo a chorar!

A minha gratidão por ele é imensa porque desde quando ele me ouviu nunca deixou de acreditar em mim, nunca me julgou e não permitiu que eu deixasse de acreditar em mim. Sou grata por ele ter mediado um grande problema junto comigo a troco do crédito na nossa amizade e também para salvar a minha vida (literalmente), de certa forma. Não posso esquecer do que ele fez por mim nunca. Muito do que ele me disse está entranhado na minha existência para que eu nunca mais esqueça. Talvez, este cara não tenha a dimensão do que ele tenha feito por mim. Ele conseguiu me resgatar de mim mesma. Por isso, estou certa de que hoje, no seu aniversário, meu amigo, eu posso te dar um abraço apertado e dizer: "Fabrício, você é O cara!"


quarta-feira, 27 de abril de 2011

Parceira que é parceira não rói a corda não



Eu ainda não tenho antecedentes criminais. Não sei o que pode acontecer no futuro, por isso mesmo que não posso afirmar que sempre terei ficha “limpa”. Entretanto, tenho a sensação de que em alguma encarnação passada eu deva ter dividido cela com uma amiga minha, minha parceira de tudo, Sibeli Mocelim. Nos conhecemos há cinco anos e dividimos quase tudo, isto mesmo quase tudo tudo. Quando não divido ela toma na tora, mas depois eu não ligo, afinal ela é minha parceira fiel.


Nunca estive no cárcere, mas pelo que vejo e ouço, os presos têm comparsas, parceiros, companheiros, enfim, aqueles com quem compartilham tudo. Tenho certeza também de que neste período em que estivemos com a liberdade cerceada, Sibeli me seguiu num plano frustrado de fuga e teve que passar trinta dias na solitária. Isto explica a nossa insanidade.

Assim que ela saiu da solitária, quase louca, tive que ceder a ela minha farda, pois eu na cadeia vivia a engordar e emagrecer, como acontece na vida real. Meu guarda-roupa anda trancado, por causa das visitas desta minha amiga ao meu quarto. É um perigo, preciso manter vigilância constante e revistar a sua bolsa quando ela vai embora. Sibeli é uma fina ladra! Por isso está comigo numa cela.

Aposto que quando fiquei doente, Sibeli trocou as suas atividades como profissional que atendia aos mais carentes presos da ala masculina para ser auxiliar de enfermagem, enquanto estive internada. Sinto que ela fez o mesmo quando dormiu comigo no hospital quando fiz cirurgia e ia me visitar sempre que podia, demonstrando claramente nos olhos a sua preocupação com sua afro. Sibelão, vulgo da minha companheira de cela, gosta de estar perto.



Sibelão e Daysão, ô dupla que não se desgrudava. Como hoje, que vamos a todos os ensaios da Negra Cor dia de sexta-feira. Nunca esqueço dum dia que meu irmão chegou em casa, dia de sexta, e lá estávamos eu e Bebele em casa. Ele imediatamente perguntou: “Oxe, dia de sexta-feira Dayse e Sibeli em casa?”. Olhamos uma para outra e gargalhamos até não poder mais. Naquela sexta, não haveria ensaio. Sem contar nos carnavais em que nós duas fizemos miséria na rua, lembramos os tempos de rebelião. A gente libertava todas as tensões do cárcere nos “ômi”, ô tempo bom! Agora a gente está cansada. Estamos como aqueles presos mais velhos, que estão cheios de história para contar das vivências do cárcere, jogando dominó, fazendo programas mais lights. Vamos até ao cinema hoje em dia..

Sibeli sempre se envolvia em apostas. Ela era alcoólatra e por cachaça ela apostava tudo. Por isso eu nunca tinha economias, sempre livrava a minha amiga do sufoco, como hoje. Ah, nunca pude ter perfumes ou desodorantes a mostra; ela sempre bebia até a última gota. Nunca espero o retorno do dinheiro, a coitada é viciada, pelo menos não usa drogas mais pesadas.


Temos uma amiga em comum que sempre nos visitava na cadeia, Cândida. Ela nunca deu conta das nossas travessuras juvenis que nos levariam à prisão mais tarde. Sempre acompanhou muito de perto, mas sem se envolver, as nossas “lamas”. Candoca tinha outros interesses.

Sibelão adorava criar os nossos disfarces, tanto que ela já esteve loira de cachinhos, ruiva, cabelos pretos e lisos, dentre muitos outros disfarces. Ela é uma pessoa linda, apesar de todos os apesares e marcas que a vida deixou nessa criatura tão amada por mim. Como em todo ano, eu conseguia fazer pequenos trambiques para dar o presente de aniversário de Bebeli, como este ano, mesmo não tendo recebido presentes dela nos meus. Entendo, coitada! Está prestes a vender os dentes para nutrir o seu vício, até porque nada mais nela serve para ser vendido, tudo “barriado”.

Como Sibelão descobriu e entregou o X9, este ano terá bolo com refrigerante no seu aniversário, ao invés de Mikão com suco mancha pulmão de uva. Todo ano a mesma coisa. Bebeli, como todo ano, minha afro, parabéns, mas por favor, quando for apagar a velinha, pede a Santo Antônio para te arrumar um marido rico para “te tirar da vida” e que me dê saúde para continuar sendo a sua parceira, sem nunca roer a corda. Amo você!







*As condições de produção deste texto devem ser observadas, caso você entenda que há semelhanças com a vida real. São 3:00 da manhã e já não sei mais como definir o que é verdade ou pura coincidência com a realidade.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Torcedores do "Jahia" são gulosos...

Ô gente, era Páscoa ontem né? Dia de comer caruru, vatapá, aquelas comidinhas de azeite M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A-S, tomar vinho e, é claro, comer chocolate. Mandei mensagens aos meus amigos e amigas, independente da orientação de loucura ou razão para se torcer por este ou aquele time. Nestas mensagens de felicitações de páscoa e todo este blábláblá das festas santas, profanas e comerciais eu avisei, tenham cuidado com a quantidade de ovos que comem, para a barriga não crescer.

Mas como conselho e água só se dão a quem pede, fiquei na minha depois da singela mensagem.

Pobres amigos tricolores! Eu deveria ter insistido que além de comerem poucos ovos, evitassem comer a cenoura do coelhinho da Páscoa. E o pior, comeram a cenoura inteirinha dentro de casa, nem podem colocar a culpa em quem ofereceu a farta ceia, o meu time rubronegro, o Vitória!

Pela primeira vez, vejo um caso de congestão com cenoura! Também, engoliram ela inteira, devem estar engasgados!

Outra coisa engraçada... Alguns mais fanáticos, horas anteriores ao jogo me sacanearam, fizeram ameaças de todo tipo, mandaram mensagens. Mesmo antes de terminar o jogo ninguém mais quis me atender no celular. Pessoal, estou preocupada! O que houve com vocês? Ah, desculpa, estão engasgados com a cenoura do coelhinho! Infelizmente, foram silenciados a tão grosso modo... Se preocupem não, domingo que vem, tem mais! Sim, quem vocês vão queimar como Judas? Ainda há tempo, de repente a desculpa cola!

http://www.ecvitorianoticias.com/2008_03_01_archive.html

domingo, 24 de abril de 2011

A dor do parto é dura, mas vou dissertar um dia

http://www.feminismo.org.br/livre/index.php?option=com_content&view=article&id=3522:uma-em-4-mulheres-relata-maus-tratos-durante-parto&catid=79:space&Itemid=422
Depois que adoeci, tomei coragem para um monte de coisas, dentre elas fazer a seleção para o mestrado. Isto mesmo, tenho cinco anos de graduada e venho me boicotando sempre para não fazer as seleções. Agora é diferente, entrei no curso de Inglês voltado para tradução, comprei parte da bibliografia obrigatória, estou cursando uma disciplina como aluna especial do programa em Crítica Cultural da Uneb em Alagoinhas, enfim, resolvi investir nisto de verdade. O problema é que eu invisto pesado e me saboto ao mesmo tempo. A aula é quinta-feira e eu até agora não toquei nos textos da disciplina. O exercícios de Henrique, meu professor de Inglês? Nem sei por onde andam...Também, tenho boas razões para me sabotar depois de vivenciar algumas experiências com umas mestrandas e uns mestrandos amigos meus.


Lembro do quanto uma amiga que defendeu há algumas semanas sofreu, coitada! A sua filha pequena viva pedindo socorro e dando sinais de alerta como: bater nos colegas de escola ou comprar uma caneta mágica para a mãe terminar a dissertação e poder brincar com ela. O casamento da mestranda amiga, é claro, ficou por um triz do divórcio. É preciso fazer escolhas, muitas escolhas. Ou bem resenha, ficha textos, escreve artigos, lê tudo aquilo que o (des?)orientador manda, publica aqui, apresenta ali, participa dos congressos “X”, “Y” e o restante de letras do alfabeto inteiro ou tem vida social, lê por fruição, faz sexo com o cônjuge, vai à praia e dorme pelo menos 4 horas por noite. Malhar para manter o corpo “bem” é uma quimera! Está difícil entender o empenho que se faz um indivíduo que busca o título de mestre ou doutor e que sente na carne a dor de parir uma dissertação.

Uma outra amiga muito querida está um pouco mais pirada do que sempre foi. Nos “cinco” (leia-se trinta e cinco!) minutos que ela nos dá de atenção quando falamos com ela ao telefone (ela não diz alô, já diz “você tem cinco minutos para falar”) ela passa trinta e cinco (são cinco vezes sete, ela deve ter dito e eu não ouvi!) falando sem parar da sua dissertação e a gente responde os segundos restantes com palavras de crença e força sobre a arte de dissertar da companheira. Pior foi quando ela me contou, com certo desespero, a sua última peripécia. Em casa, acompanhada pela proto dissertação, a mestranda amiga procurava o que comer. Já tinha provado de tudo, beliscado tudo até então que a mente em processo dissertativo antenou para o saco de ração do cachorro. Lálálálá... Oxe, o que é que tem? Tem quem goste de jiló! Está pensando que é fácil esta escolha pela vida acadêmica?

Há mestrando e doutorando de todo tipo. Uma figura que conheço vivia com um bloquinho anotando os “insites” que tinha pela rua, no ônibus, no banheiro, na praia. Um outro perdeu tantos quilos com a dissertação que quase vira anorexo, um outro pagou muitos e muitos reais para recuperar os arquivos da "mardita" perdidos no computador. Gente, é para isso que vou estudar? Para comer ração de cachorro, encalhar de vez a minha vida sexual e engordar como uma porca? Porque estudar e malhar são atividades que divergem instantaneamente! Manter uma relação conjugal, nem se fala!

Brincadeiriiiiinha, já comecei a delinear o meu projeto de pesquisa! Quem bem me conhece já achou que eu seria mais uma vez minha auto-sabotadora. Chega, é a hora de entrar na preparação da maternidade. Parirei uma dissertação sim, por maior que seja a dor, eu espero. Parir um projeto de pesquisa já é quase uma cesariana de gêmeos de quatro quilos cada, a dissertação deve ser algo do tipo fazer uma cesariana “pescoçal”, tipo de parto realizado em mestrando e doutorandos. A criança é tão grande que o corte deve vir até o pescoço! Eu topo este desafio! Tudo bem que neste final de semana eu só fiz farra, bati perna, joguei conversa fora, fui ao teatro e vi o meu time "lascar em banda" o "Jahia" no Pitulixo. Ô delícia!

Mas tudo bem, acabou a libertinagem, falando sério, afinal eu lá tenho cara de ser mãe desnaturada?

*Os créditos da revisão vão para minha amiga Amanda Gomes, que se debruçou na leitura dos meus futuros textos neste feriadão. Segundo ela está "tudo certinho". Cobrou em dobro!