sábado, 7 de maio de 2011

Vivendo um momento Mafalda


Este texto só é recomendado para a figura que me sacaneou. Você, que nem me conhece ou que é meu amigo ou amiga, leia a postagem de amanhã, esqueça esta. Caso continue a leitura não me ligue querendo saber o que aconteceu ou perguntando para quem escrevi este texto. Não te interessa. O texto está divulgado aqui num espaço que é meu e que sei que a figurinha safada vai ler. Já avisei, se continuar a ler, problema é seu. Desculpe se achou grosseiro o tom, mas estou logo avisando que o que vem por aí foi escrito para apenas UMA pessoa ler e com certeza não é você, amigo ou amiga minha.

Estou vivendo um momento como Malfada, personagem de Quino. Momento este marcado pela revolta com alguma coisa ou pela insatisfação que ela demonstra, principalmente em tomar sopa; eu em engolir sapo.

Já afirmei aqui no blog que fui, sou e serei a favor do desarmamento. Levo em consideração eu mesma como exemplo. Preciso escrever este texto para não sair agora, comprar uma arma de fogo de grosso calibre e estourar a cabeça de um descarado, salafrário, sem vergonha, dissimulado, fingido, escroto, mau caráter, filho do “Estopor”, nascido de uma cadela com a orelha carcomida, miserável e todos os adjetivos mais chulos e pejorativos que possam existir. Não, você não foi justo e não jogou limpo. Até fez com que algumas pessoas acreditassem nisso, mas eu não me enganarei mais.

Estou virada na desgraça! Ah, nem diga “Deus é mais!” ou “Crêndeuspai!”, pois quem está virada na “lá ela” sou eu. Eu te disse desde o início que não lesse. Como sempre faço com os meus textos postados, envio emails ou mensagens SMS e, desta vez, não fiz. Postei este desabafo aqui para que uma pessoa específica leia e eu sei que ela vai ler.

Estou revoltada deste jeito, pois eu odeio ser enganada. Ludibriada, feita de otária. Principalmente, quando estou numa posição vulnerável. Por isso mesmo, que sempre vivi propagando a quatro ventos que “Fidelidade é camisinha!”. Tenho procurado ser cada vez mais honesta, respeitar os sentimentos dos outros e o que recebo em troca? Sacanagem, “trairagem”, mentirada e dissimulação. Você certamente está lendo este texto e sabe que estou escrevendo ele para você, palhaço.

Há algum tempo atrás eu até caçava a mentira, mas agora parece que em tornei um imã delas. Não dou um passo e sempre, sempre acabo descobrindo as canalhices que fazem comigo. Pior é que tenho raiva de mim também, por escolher canalhas que nem competência para mentir têm. Burro! Perdeu qualquer possibilidade de circular entre os meus. Vá pro inferno! Pare de me mandar mensagens, de me ligar ou de se fazer de vítima, pois se antes já desconfiava da sua carinha de “santa-puta”, agora nem por um milagre do seu Deus eu quero olhar na sua cara.

Não preciso da preocupação de quem me apunhalou pelas costas. Estou ótima, principalmente por estar bem longe de você. Pare de fazer o papel de quem se preocupa com o meu bem estar, pois eu não sei o que seria capaz de fazer se eu me batesse com você. Cínico! Não cometa a loucura de me procurar ou sequer perguntar por mim. Se afaste dos meus. Faça de conta que nunca nos vimos, que nunca nos conhecemos, que nunca fomos amigos. Eu fui sua amiga, mas você me traiu. Você merece a guilhotina, mas estou certa de que a sua cabeça será decepada pela sua incompetência em viver.

Não te perdoarei. Não esquecerei que estou sentido esta dor e que devo isto a você.


Ufa, voltei a respirar! Precisava desabafar, agora vou ficar bem.


Atenciosamente,


Dayse Sacramento – tomada pela entidade da "Padilha Craqueira"





























quarta-feira, 4 de maio de 2011

Enfim, até que enfim e por fim, a Miastenia Gravis por Dayse Sacramento

Se eu te amo e tu me amas...

...leia este texto enorme sobre mim, Dayse sacramento de Oliveira. Tudo o que você quer saber sobre a minha situação está exposta neste longo texto. Se você gosta de mim de verdade, reserva cinco minutos do teu dia para mim e lê este textão todinho. Peço que faça isso por mim. Estou apelando, mas ao ler você vai entender a minha solicitação. Estou certa de que valerá a pena!

Bom, eu acho o papagaio um lindo pássaro! Tão bonitinho ele repetindo as palavras, o nome do dono, pedindo água. Entretanto, eu não tenho nenhuma afinidade com o comportamento deste lindo bichinho. Digo isto por conta da quantidade de vezes que tive/tenho que explicar para as pessoas amigas, nem tão amigas, próximas, nem tão próximas, queridas e nem tão queridas, curiosas e de má fé qual é o meu problema de saúde. Resolvi escrever mais uma vez, levando em consideração que a minha doença é bem estranha, muita gente nem tinha ouvido falar, mas também para diminuir as vezes em que preciso tocar neste assunto, sinceramente, não agüento mais.

A Miastenia Gravis, (fraqueza muscular grave) é uma doença auto-imune, ou seja, em determinado momento da minha vida, o meu corpo começou a produzir um determinado anticorpo que ataca uma estrutura muscular chamada de receptora de acetilcolina, que na verdade é o local onde o nervo eferente se liga no músculo, produzindo o movimento. É uma doença diagnosticada pelo médico neurologista, por se tratar de uma enfermidade neuromuscular.

Já devo ter desenvolvido esta doença há uns sete ou oito anos, mas não fazia idéia de que aquilo que muitos chamavam de preguiça, corpo mole, má vontade, moleza ou escoramento era uma doença. Há quatro anos, já apresentava dificuldades na fala e na deglutição, mas como o diagnóstico é muito complexo ninguém descobria. Sempre tive os olhos caídos nos cantos, o que se chama ptose palpebral, muito comum em miastênicos. Sempre fui vítima de uma sonolência inimaginável, além da fadiga, principalmente ao findar o dia, teoricamente, quando já se “gastou” toda acetilcolina do dia, a grosso modo de explicar.

Até os dezenove anos fui aluna/dançarina da Escola de Dança da Fundação Cultural do Estado da Bahia, entretanto, anos mais tarde, mais precisamente no ano de 2003, ingressei na Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia, mas já não conseguia dar conta das aulas práticas, cansava muito rapidamente. Certamente, já estava doente sem saber.

A MG (Miastenia Gravis) é uma doença que ataca mais as mulheres do que os homens. A proporção é de seis para quatro. Nas mulheres a doença costuma aparecer mais cedo do que nos homens, entre vinte e trinta e cinco anos. Existe 1 miastênico a cada 20 mil habitantes, em média. Sortuda eu, hein?

Descobri a doença quando uma fonoaudióloga, Dra. Aline Tavares, foi até a escola em que sou vice-diretora para fazer um trabalho com os professores de Promoção da Voz. Assim que a recepcionei, ela já disse: “Você será a primeira a ser tratada!”, afinal de contas estava no ápice de uma crise miastênica e não fazia idéia do que poderia ser. Falava um dialeto alienígena, tudo embolado, não conseguia segurar a comida na boca, muito menos sorrir. Ela me encaminhou para Dra. Ivonilda, minha otorrino, que verificou toda parte otorrinolaringológica que estava normal. Após isto, ela me encaminhou para Dr. Ramom, meu neurologista. O diagnóstico desta doença, inicialmente é feito a partir dos relatos dos pacientes. O exame de Eletroneuromiografia é quem constata de fato, além do exame de sangue para Receptor de Acetilcolina. A Eletroneuromiografia confirmou!

A crise miastênica é quando há o acometimento dos músculos respiratórios, o que pode levar o miastênico a morte. Na prática, quando estamos em crise, não temos “força” para respirar. Vale ressaltar que “apenas” a musculatura de contração voluntária é vítima do ataque dos anticorpos, ou seja, o coração escapou desta! Ufa!

E afinal, o que/onde a MG ataca? Músculos dos braços, (às vezes não consigo escrever, comer direito, as coisas caem das mãos), das pernas (ano passado tomei uma queda tão ridícula que até hoje a dor está registrada na memória da carne do meu joelho), há flacidez em todo o corpo (por isso estou parecendo a Mulher Geléia e não posso malhar), como disse antes, ptose palpebral, que são esses meus olhinhos de peixe morto, a musculatura da deglutição (quase morro engasgada com o comprimido de Mestinon que tomo várias vezes ao dia, todo santo dia, sem contar que nem sempre consigo comer de boca fechada), prejuízo na mímis facial (há dias que não consigo sorrir, como no meu aniversário ano passado, para quem não viu postarei uma foto logo abaixo, fazer bico de beijo). Não posso pegar ônibus cheio, pois se ficar em pé canso e se o motorista frear bruscamente posso cair feio, como já aconteceu algumas vezes, pois a mão não segura. Quer saber quando estou bem mal? Peça para pentear os cabelos ou fechar e abrir o sutian. Em tempos de crise, não tenho força para manter o braço suspenso.

Olhos com bastante Ptose Palpebral e o sorriso canino. Estava em crise miastênica sem saber. Foto retirada no dia do meu aniversário de 2010. Pense na força para sorrir e manter os olhos abertos, pense?!
A MG é uma patologia tratada como deficiência física, principalmente em casos como o meu que é generalizada. Quando estou em crise não consigo suportar o peso da minha cabeça sobre o pescoço. A experiência é terrível! Há na legislação de trânsito brasileira a possibilidade de tirar habilitação especial, pois não poderei dirigir qualquer carro, na verdade apenas carro automático, dá licença! Ah, com a isenção de 30% para acabar de melhorar a história. Também, alguma coisa tinha que prestar nesta brincadeirinha, né? Algumas pessoas pensam que estou me agourando quando digo que sou deficiente, que tenho direito a vaga especial e que não pego fila em lugar nenhum. Agora, raciocine comigo. Canso 100 vezes mais rápido do que você para simples ações, imagine o que seria enfrentar uma fila de banco de 30 minutos e em pé? Sou realista e não tenho nenhum problema em me assumir deficiente. Após a doença, quando o corpo começou a falhar vi que a cabeça pode ir muito mais longe do que eu pensava antes. Ah, nem é por isso que o anão Soneca é o nosso símbolo! Tudo bem que ele tem ptose palpebral...rsrs

http://diariodeumamiastenica.blogspot.com/



Sem contar que os portadores de doenças auto-imunes estão bastante suscetíveis a infecções. Isto por conta da medicação imunossupressora, que destrói os anticorpos bons quando está destruindo os ruins. Portanto tenho que evitar tudo que amo, vuco-vuco, amontoado de gente, abraço e beijo em todo mundo, pois uma gripe se transforma facilmente em pneumonia em mim. Tenho propensão muito maior a ter gripes, viroses etc. Ah, o calor e o abafamento me fazem muito mal. Ar condicionado agora é uma questão de qualidade de vida. Você, fica como no calor? Mole não é? Eu, viro uma gosma que mal se sustenta no chão, sem forma. Eca! Está gripad@? Com conjuntivitite? Qualquer coisinha dessa que passa? Na moral, fica bem longe de mim! rsrs

A doença não tem cura, mas tem tratamento. Parte deste tratamento em alguns pacientes é a retirada de uma glândula que fica no peito, o timo. Em você, o timo deve ser do tamanho de um caroço de feijão. Em mim estava do tamanho de um pão delícia com bastante recheio. Em Janeiro deste ano, resolvi fazer a minha cirurgia, isto mesmo, resolvi. Há algum tempo Dr. Ramom, meu neurologista assistente, já havia dito que eu teria de fazer a cirurgia. Sabe Deus o porquê de eu ter tanta pressa em fazer logo. O meu timo cresceu assustadoramente em 3 meses. Certamente, caso eu demorasse mais, não estaria aqui escrevendo este texto para você. O tumor cresceu tão, mas tão rápido que até hoje os próprios médicos não conseguem explicar o que houve. Ah, o tumor era do bem, gente boa, não era maligno!

Quando dei entrada no Hospital Santa Izabel, o qual eu recomendo, pois com tudo que tive fui muito bem atendida, exceto pela Nutrição que a comida é “u ó”, o meu timo seria retirado através de uma cirurgia lateral com uma câmera, eu sairia em 48 horas e já poderia pegar um cinema. Entretanto, quando a minha cirurgiã torácica, Dra. Paula Ugalde colocou a câmera teve que reverter a cirurgia para a esternotomia, que nada mais é que abrir o meu peito com uma serrinha, separar, enfim, o mesmo porte de uma cirurgia cardíaca. Quando ela abriu, o timo estava lá, todo espalhado, enooooorme, por conta disso, na manipulação da sua retirada, tive um nervo da garganta afetado. Fiquei quase um mês sem falar e até hoje perdi parte do meu timbre, nada baixo por sinal. Ainda uso micropore na cicatriz por causa do sol. Não quero ficar com um corte de 8 centímetros mais marcado do que já está por causa da exposição solar. Usarei por alguns meses este esparadrapo. Em qualquer lugar e em qualquer hora do dia. Além disso, eu me assusto com a cara das pessoas quando vêem a cicatriz. Chega a ser engraçado...

Ah, preciso falar que antes da cirurgia fiz um procedimento comum em pacientes em crise miastênica, chamado Imunoglobulina. O paciente recebe um composto elaborado a partir de sangue humano, fazendo uma espécie de "renovação" do sistema imunológico, diminuindo bastante o ataque dos anticorpos do mal. É um procedimento que já havia feito em outubro de 2010, logo quando descobri a doença. Este medicamento só pode ser utilizado com internamento em UTI, afinal além dos riscos de uso de tal medicação, o paciente em crise está com a capacidade respiratória prejudicada, os batimentos cardíacos podem estar alterados e por isso mesmo eu tive que passar 5 dias do tratamento, mais 4 do pós-operatório com o meu Avatar conectado em mim as 24 horas do dia. Chamo de Avatar aqueles eletrodos presos ao peito, o medidor de pressão e o de oxigenação das extremidades que fica no dedo. Pior você não sabe, quando qualquer um desses troços sai do lugar é uma apitaria desgraçada!

Antes que eu esqueça, será comum em minha vida ter crise miastênica, ainda que muito raramente, e precisar me internar. Por favor, sem drama ou chororô, já me adaptei com tal idéia há muito tempo. Juro, aceito de boa tudo isso já! Ah, o meu peso prescreve o uso de 5 garrafinhas de Imunoglobulina por 5 dias. Um dado importante é que cada vazinho custa em média R$ 2.000,00. Se eu tomo 25 frasquinhos por internamento... Problema da Sulámerica! Ah, o SUS cobre este tratamento, viu? Depois farei um texto sobre o SUS para que um monte de gente pare de falar besteira sobre o que não conhece.

Aff, falei demais né? Mas é que se eu não explicar tudinho, você não entende e vai me encher com mais perguntas ou ficar com dúvidas. Não vale nem uma nem outra situação. Sem contar que acredito que eu tenho a obrigação de divulgar o que aconteceu comigo, pois esta doença é rara e pode estar matando alguém muito próximo de você sem que ninguém saiba. Portanto, tenha paciência e continue a leitura, ainda há o que saber.

Quando sai da UTI apresentei secreção no pulmão, vulgo PNEUMONIA! Tive que ficar mais 8 dias internada. Como fiquei entubada apenas por 24 horas, porque eu sou raçuda demais, a coisa não foi pior. Você acha que eu me incomodei com o fato de ser esta doença que todos tanto temem? Eu não! O problema é que eu tinha que tossir e estava com o peito costurado. Sacou a situação? Ossinho rachado cicatrizando, pele repuxando... Será que doía? Ai ai... Esta Daysoca que vos fala é uma mulher de aço, não tenha dúvidas!

Agora vivo a base de medicamentos. Tenho prescrição para tomar remédios específicos para cada situação. Por isso mesmo, car@ amig@, pelo amor de Deus, a não ser que você seja pesquisador em Doenças Auto-Imunes com destaque para a Miastenia Gravis ou tenha um miastênico conhecido com experiências de sucesso, por favor, pára de me indicar medicamentos e tratamentos de toda ordem. Não é grosseria, sei que as pessoas querem ajudar, mas eu estou reagindo muito bem a tudo que estou tomando. Há uma lista de medicamentos proibidos para miastênicos, principalmente aqueles que são relaxantes musculares, psicotrópicos, analgésicos como Dorflex, antibióticos e outra centena deles. Sou associada da ABRAMI, Associação Brasileira de Miastenia, e ando para cima e para baixo com a minha carteirinha dizendo alguns remédios proibidos, o telefone do meu médico, os medicamentos que tomo, etc. Caso eu dê um piripaque do seu lado, procura esta carteira, já a caminho do Santa Izabel. É muito comum pacientes com MG chegarem muito perto da morte por conta de procedimentos inadequados. Pasme, muito médicos nem ouviram falar em Miastenia Gravis. A coisa é chocante, mas é real. Ainda bem que tenho Ramonzinho, Ivonildinha, Betaninha, Ilaninha, Taniezinha, Mari Celestinha, Julianinha, Carininha e Lilianzinha, em minha vida, senão... esta é a equipe médica que me acompanha por tempo ad infinitum.

Bom, faço uso de um medicamento específico para a MG que é o Mestinon. Além dele faço uso de Predinisolona, Azatioprina, Vitamina C, Fórmula de Cálcio com Vitamina D, Euthyrox (afinal também tenho Hipotireoidismo, outra doença auto-imune) e Fluoxetina. São quase 20 comprimidos diários! Quando você ouvir o alarme do meu celular se acabando de tocar, já sabe o que é.


Faço tratamento fonoaudiológico com a Dra. Ìlana Flavícia, na CEOB, uma vez na semana para não perder a motricidade dos músculos da fala, da deglutição e do rosto; estou sendo acompanhada por uma dupla de nutricionistas da Flex Food, Tanie e Carine, que vêm lutar contra a balança comigo duas vezes ao mês; como repito há quase 15 anos, faço meu acompanhamento do hipotireoidismo com Dra. Betânia Maria, afinal as doenças têm relação; todo mês vou visitar Dra. Maria Ivonilda, minha otorrino, por conta da garganta "véa" e das vias respiratórias e também porque nos amamos mutuamente; uma ou duas vezes na semana faço terapia com Dra. Lilian, o que tem me ajudado bastante neste processo conturbado; recorro sempre à clínica Idem, onde trabalham minhas ginecologistas Dra. Juliana Pallos e Dra. Mari Celeste, pois por conta da minha imunidade baixo-astral vivo tendo infecção urinária e não posso tomar qualquer medicamento e, por fim, faço visitas quinzenais ao meu querido Dr. Ramom, um cara de 33 anos com cara de 21, com um mestrado nas costas em doenças auto-imunes e que adora doenças estranhas. Ele não gosta, mas devoto a ele e a Ivonildinha, quem me indicou Ramonzinho, o fato de eu estar viva. Ele me atende no Instituto do Cérebro, na Barra, ao lado do Habbib’s, além de me atender sempre pelo telefone. Fiz questão de descrever e nomear esta equipe maravilhosa, pois caso você precise ou queira indicar bons profissionais, cada um em suas respectivas especialidades, passo o contato tranquilamente, orgulhosamente.

Sei que posso estar sendo redundante, mas eu não posso fazer NENHUMA atividade física para recuperar a força muscular. Pilates, hidroginástica, fisioterapia, nada disso eu posso, pelo menos não por agora. A tendência é diminuir a medicação com a cirurgia, mas a minha aula de Jump, nunca mais! A grosso modo, vou consumir numa aula de Pilates a acetilcolina de comer, tomar banho, respirar, dar aula. Sim, vou poder continuar sendo professora, mas num ritmo bem mais zen. Por favor, chega de me mandar ir malhar, fazer hidroginástica, correr na praia ou fazer natação quando eu reclamo que estou acima do peso, pois você pode me matar, criatura!

Olha leit@r, ser miastênico é ser metido. É ter critério para tudo a todo momento. Ter direito a dirigir um carrão e ter direito a vaga especial, só porque se é miastênico. Ser miastênico é entender que não adiantar ter pressa. Correr tira o fôlego, rouba o ar. Viver com a Miastenia é lembrar que se respira, pois quando o ar falta é que nos damos conta de que respiramos. A mecânica que nos mantém vivos tem passado despercebida nesta nossa dinâmica louca de hoje em dia. O miastênico tem um grupo muito seleto de amigos. Nem todos querem te acompanhar com o abadá do Bloco da Marcha Lenta. O miastênico é atencioso, ele te ouve. Se hoje ele está vivo é porque alguém o escutou e deu ouvidos a sua anamnese. O miastênico é obediente. Uma falha pode lhe custar a vida.

A Miastenia me tornou seletiva. Não posso fazer nada sem planejar, sem organizar com antecedência, sem pensar em todos os detalhes. A Miastenia aproximou de mim pessoas muito queridas e que tiveram medo de perder a velha Daysoca. Afastou uma almas sujas que me rondavam, que bom.

A minha doença está mudando, ainda que muito discretamente, a vida das pessoas ao meu redor, aquelas de pertinho. Às vezes estou sem paciência, na verdade muitas vezes, afinal foram e são muitas mudanças constantes e bruscas. A minha mente está muito a frente do meu corpo e entender e aceitar isto demanda muito amor pela vida, por aquilo que se acredita, pelo amor que devotam a mim, pelo amor que tenho às pessoas. Às vezes sou grosseira, mas a Miastenia nos enfia num quadro de ansiedade e, muitas vezes, a agressividade vem à tona. Não é fácil viver com medo de não conseguir respirar. Ser miastênica salvou a minha vida. Curto muito mais coisas simples, ponho em prática os projetos dos meus sonhos, sou mais honesta com o meu corpo, estou mais próximas de pessoas do bem, estou fazendo o bem. Para o miastênico o estado de humor altera a sua “condição física”. Preciso ser e estar feliz, estar bem. Não repare se eu te encontrar na rua e der um sorrisinho meia boca. Posso não estar conseguindo sorrir...

O miastênico não quer a sua piedade. O miastênico exige o seu respeito. Não preciso da sua dó, preciso da sua companhia, da sua palavra amiga, do seu sorriso, da sua compreensão. Preciso de você. Respeite o tempo, a dor, a coragem, a fé e a luta de um miastênico. Não se compadeça com ele, colabore. A quietude que a doença me exige me faz parar para contar os batimentos do meu coração. É tão bonitinho! A Miastenia me tornou mais forte, mesmo tendo levado boa parte das minhas forças para sempre. Ser miastênica tem sido tudo de bom, afinal o milagre da vida deve ser comemorado de qualquer forma. A Miastenia prova que as agonias devem ser vividas uma de cada vez. Nem adianta se consumir.

O melhor ainda, é saber que você leu todo este texto porque queria saber de fato o que está acontecendo comigo, até para saber como ser útil para mim neste momento. Uma pessoa meramente curiosa parou lá no parágrafo do papagaio, com certeza! Depois da Miastenia Gravis descobri que me amo imensamente e que devo cuidar sempre de mim. Me amar, está sendo massa! E você, obrigada por vir até aqui. De certa forma, este é um sinal de que você é alguém com quem eu possa contar de verdade. Obrigada do fundinho do meu coração!


Saudações miastênicas,


Dayse ou Daysoca Sacramento, como preferir!



PS: Caso ainda reste alguma dúvida, vou te dizer, tá mal hein? Não entendeu o que? Quer que eu desenhe, é? Ó, te vira com estes sites aqui! Brincadeira, eu falo assim, mas jamais deixaria de dar informações a quem precise. De vez em quando, quase nunca, hein?!

http://www.orkut.com.br/Main#Communitycmm=541132

http://diariodeumamiastenica.blogspot.com/





Sorriso e olhar miastênicos fora da crise, percebeu a diferença?


segunda-feira, 2 de maio de 2011

O subúrbio precisa de professor, não de polícia!

Pessoa, tudo bem? Estou há alguns dias sem postar nenhum texto, mas a produção está em alta! Entrei na comunidade de Professores Concursados do Estado da Bahia no Orkut e, como curiosa que sou, entrei num fórum sobre o provimento de professores no subúrbio. Desculpe-me a franqueza, mas como me diz Carlota: "Amiguxa, as pessoas pensam e calam. Você pensa e imediamente fala!". Escrevi um texto em resposta aos absurdos que li nesta comunidade. Há até quem chegue a afirmar que como docente tem mais dificuldade a "ensinar" às crianças pobres, pois as mesmas não têm relações culturais. Gente, eu vou morrer sem ler muitas referências, mas eu nunca li que a ação cognitiva é diretamente proporcional à classe social. Que preconceito!

A minha escola recebe visitas da Ronda Escolar, mesmo que eu discorde da presença da polícia na escola, é uma demanda a ser discutida, entretanto eu jamais permiti abordagens ou qualquer abuso policial á minha vista, ainda que seja fora da escola, muito menos me senti insegura necessariamente por estar no subúrbio.

A minha briga é para não ser removida do subúrbio. É lá que quero estar! Entre Polyanas, Roberjans, Rodrigos, Mateus, Larissas, Airans, Tainaras, Keyses e toda comunidade do Edson! Eu me sinto em casa... É bom este sentimento de pertencimento, ele me empodera!

Ó, eu vou parar por aqui. Doenças auto-imunes têm estreita relação com o sistema emocional. Estou com muita raiva. O estômago já começou a doer!

A comunidade do Orkut está no endereço http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=11298455



O texto que escrevi vai em resposta ao que li lá! Infelizmente, divido com vocês também o que é ruim...


Boa tarde a todos e todas,


Sou Dayse Sacramento, vice-diretora do Colégio Estadual Edson Tenório de Albuquerque. Esta escola está localizada no bairro de Paripe, ao lado do Almirante Barroso. Estou fazendo tal explicação para definir o meu lugar de fala sobre o subúrbio.

Trabalho nesta escola há um ano e dois meses, atualmente estou retornando da licença médica, e tenho motivos de sobra para não querer mais sair de lá. A minha primeira experiência no subúrbio mostrou-me ainda mais que o meu trabalho é mais efetivo em comunidades ditas carentes, perigosas, assustadoras ou coisa parecida, pois o retorno é real. Ao contrário do que cita um professor num tópico acima, acerca de uma fala de Vygotsky, pensador russo, rebato com a fala do brasileiríssimo e nordestino Paulo Freire, quando o mesmo versa que o embrutecimento do indivíduo se dá por conta da sua ignorância. Freire nos afirma que quanto mais se sabe, menos se é bruto. Freire também nos afirma que conhecimento é auto-estima. Ter conhecimento emancipa o indivíduo. É válido para a construção de alguém poder afirmar que quer ser isto ou aquilo, ao invés disto. Ter auto-estima é possibilitar ao estudante o uso do conteúdo que vai colocá-lo nos bancos da academia ou numa cadeira pública, condição que cada um de nós vivencia neste “instante-já”, como nos diz Clarice Lispector.

Poucos autores escrevem sobre o subúrbio e, honestamente, prefiro ouvir o subúrbio, viver nele para entender que o trabalho da docência exige formação, condições de trabalho, salários dignos, mas primordialmente, responsabilidade naquilo se faz. Um colega meu, largou a profissão docente para ser médico. Segundo ele, o erro médico mata apenas um, mas as informações equivocadas, as aulas mal dadas e não planejadas matam 40 de vez. A criminalização feita pelos programas "populixos" dos moradores do subúrbio me afetam diretamente no que tange a questão racial, ainda tem esta seara que nem vou adentrar agora.

Muito ignorante é aquele que pensa que as relações formam o conhecimento e de que isto não acontece em Paripe, Periperi, Coutos, etc. O subúrbio tem muito a nos ensinar! As pessoas que moram lá estão cada vez mais conscientes do mal que as afetam e estão tomando consciência de que um dia esta bomba vai estourar. Os responsáveis vão responder! Na verdade, já estão respondendo.

Tem um vídeo muito elucidativo que ilustra a fala de quem é a todo tempo excluído de tudo, “Violentamente Pacífico”, cujo um morador do Bairro da Paz elucida muito bem o que é ser excluído. Assintam ao vídeo em http://www.youtube.com/watch?v=TsnhnmGF23c

Não parto do princípio de que apenas o amor pela profissão pagará as minhas contas ou custeará a minha formação complementar. Não trabalho por amor, trabalho por dinheiro, entretanto, amo o que faço.

Não creio que ainda estejamos no tempo em que o professor sai da universidade vivendo a sala de aula ideal, a realidade ideal e se frustra quando chega na escola. Façam-me o favor! O trabalho em educação é de garimpo. É danoso para os nervos, sei disso sim, sinto isto na pele, mas vou parafrasear Ninha, ex-cantor da banda Timbalada: “Se não guenta, pra que veio?”.

Olha Xandão, sinceramente, para mim, há certos tipos de profissionais que não merecem estar no subúrbio, ainda que o valor do difícil acesso fosse de 1000%! Deixa eles lá... Também não posso refutar o fato de que o atual governo precisa fazer muito mais pela educação, pela formação docente, pela carreira, pelo educando, pelo gestor escolar. Mas eu não acredito que estamos no fim da história. Esta teoria não me apetece. Estamos sim, em novos começos! O problema é que a vaidade não permite que as pessoas façam uma leitura despretensiosa e sem preconceitos do outro. De vez em quando, creio que as pessoas devessem praticar o princípio da alteridade. O problema é que dói, mesmo sentindo uma dor que você julga não ser sua.

A escola não é o único espaço de educação, mas é ela quem instrumentaliza os indivíduos para “iluminarem as suas realidades”, como afirma Freire.

Nunca soube que a polícia educa. A polícia mata, bate e oprime, mas não educa. Sei de histórias de arrepiar que acontece nas escolas particulares mais caras de Salvador e sei de casos de humilhação que sofrem colegas docentes, vítimas dos alunos que se consideram clientes da empresa chamada escola. Eles não precisam de polícia e por que a negrada da suburbana ainda precisa apanhar ao sol? A conversa do tráfico de drogas, do assalto a mão armada não cola mais! A questão é muito mais séria e profunda do que este dueto que estampa as páginas de jornais diariamente.

Adolf Hitler, PC farias, Fernando Henrique Cardoso, Suzane Von Richthofen e muitos outros casos não precisaram de polícia ou estrutura militarizada para ser quem foram/são e fazer o que fizeram/fazem. Acorda, gente! O discurso do docente não pode mais desconhecer que a realidade está na sala de aula de aula sim! Não dá para ficar como o professor Joseph Jacocot, no livro de Jacques Ranciére, o Mestre Ignorante. O docente se encontra numa situação inusitada em que ele tem que dar uma aula sobre aquilo que ele não sabe. Ele fala francês e os alunos flamenco. O texto “considera que no cruzamento entre a educação institucionalizada e a ação política progressista se tem afirmado que a educação teria como uma das suas tarefas fundamentais apontar as contradições de classe (ou de gênero, de raça, de religião ou outras) próprias da nossa sociedade. Ao contrário, a vertente liberal tem insistido que a escola deveria funcionar como reguladora das desigualdades sociais, o que exige a aplicação de mecanismos ou estratégias para garantir a igualdade de oportunidades. A aquisição do conhecimento tem sido entendida como a chave para a consecução da liberdade. Caberia, então, a educação pública estender tal benefício a todos, sem diferença de origem. Estas diversas considerações compartilham o suposto de que a instituição educativa teria a responsabilidade política de fazer algo para igualar o que se apresentaria, de fato, como desigual.” (Stella Rodrigues – Doutora em Psicologia da educação, professora da UNEB).

Para mim, o que de fato interessa é que a escola tem a possibilidade de descobrir a potencialidade de todo homem ou mulher quando os/as considera igual aos demais e considera a todos os homens iguais a ele/ ela. Quando alguém se entende como igual aceita o desafio de se tornar protagonista da própria história. “É uma maneira de estabelecer relações entre os homens no que todos sem exceção se lhes reconhece a possibilidade da palavra. O que embrutece uma pessoa não é sua falta de instrução e sim a crença na inferioridade de sua inteligência, e o que embrutece aos “inferiores” embrutece ao mesmo tempo aos “superiores”.” (Stella Rodrigues)


Creio que deva ter explicitado parte daquilo do que penso e coloco-me a disposição para conversar e trocar idéias sobre tal assunto.


Saudações libertárias,


Profª Dayse Sacramento

*Como sempre, Amanda Gomes para o que está fazendo, lê os meus textos e na mesma hora responde:"Jogou duro! Muito bem!" Ô figura querida... Mais créditos para esta revisão!